domingo, 21 de fevereiro de 2010

· 17 de maio de 2007 ·


Primeira vez que pisei naquele chão. Atrasada. Abro a porta e me dizem que não posso entrar. Choro. Espero. Sozinha. Me consolo com pessoas que também perderam a hora. Junta o nervoso de ser julgada, a culpa do atraso e o fato de estar rodeada de gente desconhecida. Dor de barriga. Segunda chance. Levei um tapa na bunda pelo atraso. A seleção acontece. Uma semana depois descubro que passei. Não querido leitor, não foi o vestibular. Fui recebida de portas e braços abertos para o lugar mais encantador que eu já conheci, capaz de transformar uma menina tímida numa mulher destemida: TEATRO. Dúvidas. Certezas. Sorrisos. Lágrimas. Brigas. Conciliações. A gente se mata para construir uma nova pessoa dentro de nós mesmos, sem ser a gente. Que controvérsia! Fim do ano. Apresentação. Nervoso. MERDA pra nós! A partir desse dia descubro que o melhor lugar para se estar é o palco. Me sinto segura. Férias. Saudade da galera que sempre chega mais cedo pra bater texto e resenhar sentado no chão do corredor assassino, autor das quedas mais polêmicas e dos ensaios mais divertidos. Volta as aulas. 2º ano. Pessoas disseram adeus, outras dizem olá. O funil vai apertando. Cada vez mais difícil. Novas propostas, novos desafios. Novas experiências. Novas apresentações. Nervoso. Choro. MERDA pra nós! Cada vez fica mais visível onde é meu porto seguro. Férias. E lá vem a dona saudade fazer bagunça no coração. Uma nova seleção? Sim. As vezes, nem todo mundo quer a mesma coisa. Mais uma vez: passei! O que parecia brincadeira, de repente assume um ar mais sério; traz falta de ar, cansaço, suor, dor, CONFLITOS. Ninguém é melhor do que ninguém, porque cada um tem uma coisa a mostrar; e só fica quem realmente aguenta a panela de pressão fazer xiiiiii. Fúria. Decepção. DESAFIO. Fazer em um mês o que se faz em um ano. Junta o nervoso da responsabilidade com a emoção do ULTIMO semestre; afinal, somos a PRIMEIRA TURMA DE TEATRO! Lalala. Mais conflito. GUERRA! A paz reina! Dadas as mãos novamente, as energias são doadas e recebidas com mais intensidade, gratuitamente e de bom grado. Cada um começa a perceber o valor do outro e sua importância para si próprio. MERDA pra nós! Apresentação as escuras, sem passagem de luz, cenário e figurino. Bandidoido'. E no fim, o suspiro de alívio e o sorriso do diretor que nos passa um 'PARABENS! MISSÃO CUMPRIDA!'. Depois de todo esse mix de emoções, só nos sobra saudade; amizades cativadas; pessoas que no começo eram só mais um, e que, com o passar dos anos você percebe que era esse UM que faltava em sua vida; lágrimas que escoam pelo rosto, repousando nos lábios que exibem um sorriso de satisfação, transparecendo a certeza de que valeu a pena. Lembranças. Que ficarão guardadas numa caixa chamada coração. Por que 'aquele povo do teatro' é 'aquele povo do teatro', que levava reclamação, que reclamava; que ajuda, que é ajudado; que é o POVO POLÊMICO! E tudo isso foi real, mas agora são lembranças. E aqui me despeço de vocês, deixando a certeza de que SÓ ENQUANTO EU RESPIRAR VOU ME LEMBRAR DE VOCÊS! Meu povo do teatro!

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