quarta-feira, 6 de março de 2013

· achados e perdidos ·

A vida é engraçada. Cheia de encontros e desencontros. A gente conhece um monte de gente, lembra-se apenas de algumas, e escolhe outras para ser amigo. Aí o tempo passa, as pessoas crescem, começam a trabalhar, estudar, outras se mudam de bairro, cidade e até estado, e o tempo vai ficando pouco para saber como aquelas pessoas que viraram nossos amigos estão. É como se a pessoa ficasse igual para sempre. Mas não ficam.

Um dia a gente as encontra novamente e se dá conta de que o tempo passa para todos, inclusive para nós. A surpresa não é do reencontro. A grande magia é tentar decifrar a pessoa, depois de algum tempo longe: saber o que mudou, não mudou, evoluiu ou regressou. E claro, surpreender-se com fatos inimagináveis. Saber que aquela sua amiga que era morena, agora está loira; que aquele amigo que todos diziam que tinha um jeito gay está casado e com filho, e que o cara que todos julgavam "o pegador" virou gay; saber que aquela sua amiga, que você nem sabia que estava grávida, já teve neném; que seu amigo "porra louca" que curtia heavy metal virou membro da Igreja; que sua amiga que estava noiva, com casamento marcado e tudo, terminou e já está noiva de outro; que aquele seu amigo que tinha tara por academia está com barriga de cerveja; saber que aquela amiga ainda tem o sorriso bonito, e aquele amigo que tinha o sorriso torto já está para tirar o aparelho, enquanto você nem sabia que ele estava usando um; que aquele menino que você jurava que não queria nada com a vida está estudando engenharia ou medicina; saber que na verdade, lá no fundo, a gente não sabe é de nada.

Pode ser num encontro casual, num ônibus, na fila do teatro, no roteiro da faculdade, ou andando pela cidade. O legal é aquele reencontro. É achar o que a gente pensou que tinha perdido, mas não perdeu. De não faltar assunto para conversar, parecendo que se viram ontem. De contar as novidades, uma por cima da outra, faltando ar. De marcar para terminar de contar as novidades numa outra hora, dizendo "passa lá em casa!" ou que vai ligar para marcar um dia só de meninas - que nunca será marcado, diga-se de passagem. Aí é esperar outro encontro casual, para terminar de contar as novidades, e complementar com as que virão até esse dia. Mas o mais importante é que, não importa quantos dias, meses, ou anos se passem; não importa quantos metros ou quilômetros de distância existam, bonita mesmo é essa amizade que não marca hora, mas que sempre dá um jeito de aparecer.

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Texto dedicado a todos os meus amigos que não vejo faz tempo, por conta dessa vida corrida, mas que vez ou outra me "esbarro" na rua. Saudade de vocês :)